Sempre me posicionei contra a refilmagem de clássicos do cinema, uma vez que a grande maioria resulta em uma catástrofe total. Claro que há quem defenda que uma boa história não deve morrer e deve ser sim, recontada as novas gerações, mas há também de se manter o respeito pelo conceito da ideía original. Contudo desde seu lançamento essa nova leva de filmes do Remake do Planeta dos macacos tem surpreendido e agradado muito.
Depois de um começo duvidoso onde Tim Burton e Mark Wahlberg resolvem recontar a história clássica de Charlton Heston, os produtores e escritores acertaram em cheio em contar uma história inédita, sobre um período nebuloso na mitologia da série através de um novo e fantástico personagem: Cesar.
O segundo filme da série "O Confronto" é tão bom ou até melhor que o primeiro: A origem. Todos os personagens símios do primeiro filme estão de volta e há uma grande evolução em suas histórias particulares e seu modo de vida em geral. Isso agradou muito, pois mostra que o tempo realmente passou e os personagens seguiram com suas vidas. Ao contrário dos imutáveis personagens principais de alguns filmes e outras mídias que parecem ser eternos adolescentes idiotas.
Destaque para Cesar, em um CG absurdamente realista, onde pode se ver até os traços de idade na expressão de seu rosto. Essa tecnologia valeu até mesmo um agradecimento especial do PETA (ONG famosa por defender os direitos dos animais) que se pronunciou a favor do filme e agradeceu por não usarem animais reais no filme (Sim! A macacada é totalmente feita por computador!).
Como se viu no final do primeiro filme, Cesar se torna o líder dos macacos e os guia até uma nova sociedade, que apesar de primitiva (em um claro paralelo as tribos dos primeiros homens) possuem um rígido sistema de leis e uma clara hierarquia. São apresentados novos personagens e os antigos são revisitados, sem que se esqueçam suas motivações já marcadas no filme anterior.
Do lado humano, a "Gripe Símia" varreu a humanidade da face do planeta e apenas aqueles que são imunes sobreviveram. Há uma pequena "Vila humana" alojada em um local revisitado do primeiro filme ( em uma idéia bem legal ). Porém obviamente que algo ameaça sua sobrevivência e os força a ir até o local onde habitam os macacos. Os personagens humanos. apesar de interessantes ( principalmente Dreyfus, personagem de Garry Oldman) podiam ter sido melhores trabalhados, como suas motivações e o que tiveram de fazer para sobreviverem e chegarem até alí.
As cenas de interação entre os humanos e os macacos foram sem dúvida o ponto alto do filme! Repletas de emoção e sentimentos de ambos lados. Do lado humano, a forte vontade de sobreviver e reviver um pouco da gória de seus dias. Do lado dos macacos a desconfiança em lidar com um povo que claramente os considera inferiores e já os dominara antes. O tempo todo o clima de tensão se faz presente, com ambos os lados caminhando sobre uma tênue linha de diplomacia. Aqui o grande destaque do roteiro, onde cada personagem age de acordo com suas motivações e com aquilo que já se conhece dele. Cesar, como esperado, ainda guarda sentimentos de amor para com os humanos ao passo que Koba ( o macaco caolho com uma das caras mais badass que já ví) tem consigo todo o sentimento de dor e revolta gerado pelos maus tratos e abusos vistos anteriormente. Isso me gradou imensamente, pois não acredito que alguém ainda engula desculpas estúpidas de roteiro, onde um personagem age de forma totalmente "burra" ou vai de encontro a toda a sua motivação e a tudo que se sabe sobre ele para fazer a história andar. Aqui graças a Deus isso não acontece. Os personagens agem sempre de acordo com suas motivações e personagens sábios e veteranos não agem como meninas assustadas de treze anos.
O Címax se dá com o inevitável confronto entre os dois lados, envolvendo traições, disputas e heroísmo, tudo que se espera de uma boa guerra! Porém o ponto alto do filme ficou mesmo para trás e agora simplesmente segue-se uma sequência de cenas de ação, bacanas, mas nada extraordinário até o final do filme.
Enfim, o filme agradou bastante, valeu o meu ingresso, recomendo sim! E também me agradou a mensagem nas "entrelinhas" do filme, onde fica claro que alguém não é "ruim" só por ser humano, ou "bom" apenas por ser macaco, há gente boa e sacana em ambas as espécies. Que Cesar volte logo com um terceiro filme!
Nota do Oráculo: 9